Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,
viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,
queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,
estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
as asas para voar...

Queria a lua do ceú,
queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Alphonsus de Guimaraens

3 comentários:

  1. Ismália é um retrato. É a poesia em sua mais alta conta. Escolha maravilhosa!

    ResponderExcluir
  2. pois é, eu concordo, é uma pérola.
    biscoito fino....

    ResponderExcluir
  3. Céu e mar... não queria pouco, Ismália.
    Assim a loucura até parece boa. Dá pra pensar que é possível escolher seu próprio céu, seu próprio mar e ir... voar... navegar.

    Que bom srta J, que você sempre volta, ainda.

    ResponderExcluir