Ébauche d’un serpent Soleil, soleil!... Faute éclatante! Toi qui masques la mort, Soleil, Sous l’azur et l’or d’une tente Où les fleurs tiennent leur conseil; Par d’impénétrables délices, Toi, le plus fier des mes complices, Et de mes pièges le plus haut, Tu gardes les coeurs de connaître Que l’univers n’est qu’un défaut Dans la pureté du Non-être! ... Grand Soleil, qui soones l'éveil A l'être, et de feux l' accompagnes, Toi qui l'enfermes d'un sommeil Trompeusement peint de campagnes, Fauteur des fantômes joyeux Qui rendent sujette des yeux La présence obscure de l'ame, Toujours le mensonge m'a plu Que tu répands sur l' absolu, O roi des ombres fait flamme! ... En vain, Vous avez, dans la fange Pétri de faciles enfants, Qui de Vos actes triomphants Tout le jour Vous fissent louange! Sitôt pétris, sitôt soufflés, Maître Serpent les a sifflés, Les beaux enfants que Vous créâtes! Holà! dit-il, nouveaux venus! Vous êt es des hommes tout nus, O bêtes blanches e béates! ... Oui! de mon poste de feuillage Reptile aux extases d'oiseau, Cependant que mon babillage Tissait de ruses le réseau, Je te buvais, ô belle sourde! Calme, claire, de charmes lourde, Je dominais furtivement, L'oeil dans l'or ardent de ta laine, Ta nuque énigmatique et pleine Des secrets de ton mouvement! ... (La superbe simplicité Demande d'ímmenses égards! Sa transparence de regards, Sottise, orgueil, félicité, Gardent bien la belle cité! Sachons lui créer des hasards, Et par ce plus rare des arts, Soit le coeur pur sollicité; C'est là mon fort, c'est là mon fin, A moi les moyens de ma fin!) ... Du plaisir que tu te proposes, Cède, cher corps, cède aux appâts! Que ta soif de métamorphoses Autor de l'Arbre du trépas Engendre une chaîne de poses! Viens san venir! forme des pas Vaguement comme lourds des roses... Danse, cher corps... Ne pense pas! Ici les délices sont causes Suffisants au cours de choses!... ... Tu peux repousser l' infini Qui n'est fait que de ta croissance, Et de la tombe jusqu'au nid Te sentir toute Connaissance! Mais ce vieil amateur d'échecs, Dans l'or oisif des soleils secs, Sur ton branchage vient se tordre; Ses yeux font frémir ton trésor. Il en cherra des fruits de mort, De désespoir et de désordre! Beau serpent, bercé dans le bleu, Je siffle, avec délicatesse, Offrant à la gloire de Dieu Le triomphe de ma tristesse... Il e suffit que dans les airs, L'immense espoir de fruits amers Affole les fils de la fange – Cette soif qui te fit géant, Jusqu' à l' Être exalte l'étrange Toute-Puissance du Néant! (Trechos) Paul Valéry por Augusto de Campos |
Esboços de uma serpente
Sol, sol!... Ilusório arquiteto! Tu, Sol, que mascaras a morte, Sob o azul e o ouro de um teto Onde as flores têm sua corte; No arco-íris das tuas cores, Tu, traidor dos traidores, Dos meus laços o mais perfeito, Poupas a pensa de saber Que o mundo é apenas um defeito Ante a pureza do Não-ser! ... Grande Sol, tu que a luz
descerras Ao ser, de fogos o iluminas, Tu, que no sono ameno encerras, À falsa tinta das campinas, Fautor de fantasmas fugazes Que prendem aos olhos falazes A presença obscura da alma, A mentira é minha parceira, Que espalhas pela terra inteira, Rei das sombras, feito flama! ... Em vão procurastes no lodo Modelar os fáceis infantes Que aos Vossos atos triunfantes Teçam Loas o dia todo. Assim que vós soprai-lhes vida, Mestre Serpente já revida Às pobres almas recém-natas! Olá – diz ele, sem demora –, Sois todos homens nus agora, Ó bestas brancas e beatas! ... Sim! Do meu posto de folhagem, Réptil com êxtase de ave, Antes que a bífida linguagem Tecesse os fios da fala suave, Eu te bebia, ó surda imagem! Calma, cheia de encantamentos, Eu regia aqueles momentos, O olho no ouro ardente da coma, Na nuca enigmática – soma Dos teus secretos movimentos. ... (A soberba simplicidade Nos demanda imensos cuidados! A limpidez dos predicados, Da tolice à felicidade, Guarda bem a bela cidade! Mister é lançar novos dados. Que ao toque da mais rara arte O coração se entregue, enfim; Este o meu forte, a minha parte, A mim os meios do meu fim!) ... Do prazer em que já te esvais, Cede, corpo, às avidas vozes! E que as tuas metamorfoses Em torno da Árvore dos Ais Teçam um ritual de poses! Vem sem ver! Em passos sem pausa Ousa os pés que entre rosas
pousas! Dança, corpo... Não penses mais! Aqui, só o gozo é a causa Suficiente ao curso das cousas!... ... Podes refugar o infinito, Que é feito só de teu crescer, E da tumba até o ninho aflito Te sentires toda Saber! Mas o amador de frutos pecos No ouro ocioso dos sóis secos, Em teu tronco se vem torcer, De olhos fixos no teu tesouro. Frutos de morte hão de nascer Do desespero e do desdouro! Cobra-prima, à sombra dos céus, Sibilo com delicadeza E oferto à glória do bom Deus O triunfo desta tristeza... Basta-me crer que no ar escuro O amargo fruto do futuro Assombra a raça condenada... – A sede que te fez tamanha, Até ao Ser exalta a estranha Onipotência que é o nada! |
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