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Escapulário


No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia


Oswald de Andrade


Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força jamais o resgata.


Drummond


Eterno

Entre uma flor colhida e outra ofertada
o inexprimível nada

Giuseppe Ungaretti

"Eu me contradigo?
Pois muito bem, eu me contradigo,
Sou amplo, contenho multidões"

Walt Whitman

Walt Whitman


A poesia é uma família dispersa de náufragos bracejando no tempo e no espaço.

Augusto de Campos
O homem não é mais artista, tornou-se arte.
Friedrich Nietzsche

A poesia é o exercício do despertar

Wei K’ing-tche

a
cor
da
do
pensamento


viver é superdifícil
o mais fundo
está sempre na superfície
Leminski

é de uma pureza tal esse contato com o invisível núcleo da realidade

clarice, água viva
SEJA LÁ O QUE FLOR

Leminski
"reacho
rumos.
fluxos
desperdem-se.
rio."

C.
para viajar basta existir
Pessoa
agora é um instante.
você sente? eu sinto

clarice, água viva

Toda palavra pronunciada
suscita o seu sentido contrário


Goethe

Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol para fora de ti.

Jalaluddin Rumi
Eu não sei quase nada,
mas desconfio de muita coisa

Guimarães Rosa

acordar
dar
cor
a
karina Rabinovitz

circuluar
sonho impar
acordo par

Alice Ruiz

Desde aquele dia
não movi as peças
no tabuleiro.
Jorge Luis Borges
"Quanto mais eu observo o universo mais ele se parece a um grande pensamento do que a uma grande máquina".

Albert Einstein

Erro de Português

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

Oswald de Andrade

Um Cão Andaluz

Um Cão Andaluz
Eu conheço de perto a loucura
Ela mora no meu sangue
E me conta sempre com voz mansa
Que o amor é o sol
Dos que se prezam.

Isabel Câmara

lembra o tempo
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber
e você nem sabia?

Alice Ruiz

Grande Sertão: Veredas

“De dia, é um horror de quente, mas a noitinha refresca, e de madrugada se escorropicha o frio, o senhor isto sabe. Para extraviar as mutucas, a gente queimava folhas de arapavaca. Aquilo bonito, quando tição estala seu fim em faíscas – e labareda dalalala. Alegria minha era Diadorim. Soprávamos o fogo, juntos, ajoelhados um frente ante o ao outro. A fumaça vinha, engasgava e enlagrimava. A gente ria. Assim que fevereiro é o mês mindinho: mas é quando todos os cocos do buritizal maduram, e no céu, quando estia, a gente acha reunidas as todas estrelas do ano todo. Mesmas vezes eu ria.” (286)
Guimarães Rosa

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